quarta-feira, junho 30, 2010

A despedida - Capitulo I

27 de Outubro, Cunha Porã – SC, 14h 10min.


Era uma daquelas tardes abafadas apesar do céu estar nublado e fechado. Havia chovido a maior parte do dia, mas a imensa massa de ar quente típica da primavera deixou meu dia frio insuportável de calor. Eu estava me preparando para “a viagem”; assim, dessa maneira como eu prefiro pensar. Uma viagem que, a propósito, mudaria meu destino pelos próximos anos. Eu estava me mudando para o Rio de Janeiro em um período um tanto turbulento pra mim. Hoje faz três dias que perdi meu avô paterno. Desde que minha mãe foi para França, a única pessoa que se preocupou em cuidar de mim que eu me lembre foi ele. Meu avô foi meu maior exemplo de caráter, de simplicidade, de justiça, de generosidade que eu tive, ainda tenho. Meu avô, meu herói, em todos os aspectos é a pessoa que eu mais sinto em perder.
Eu também perdi meu pai aos cinco anos, mas, não tinha muita noção do que estava acontecendo, muito menos do que seria esse pesado e irreversível significado da “morte”. Era algo que fugia do meu universo mágico e infantil. Eu acreditei no que todos os adultos diziam: “ Ele foi morar com Papai do Céu e os anjinhos” e que eu poderia visitá-lo quando estivesse dormindo. Eu nunca consegui.
Meu pai foi assassinado durante uma viagem. O causador de sua morte ainda é um mistério.

terça-feira, junho 29, 2010

Ontem

Ontem, vagando a esmo, sem rumo,
parei em frente a uma comemoração de São João, ao que me convidaram a entrar.
Assim o fiz, ainda sem rumo. Nenhuma daquelas mesas vazias foram convidativas pra mim.
Mas foi ali, mais adiante, em um lugar isolado, um parque infantil, que me atraiu.
Pula-Pulas, Gangorras, balanços, uma pequena casinha com um escorregador.
Crianças saltitavam ali, felizes. Mas eu as via tristes, sem cores, sem "vida".
Eu que estava triste. Eu que estava sem vida.
Fui em direção a elas e me sentei em um dos balanços, numa tentativa frustrada em busca de algo.
Algo abstrato que eu não pudesse tocar.
O balanço ganhando cada vez mais velocidade.
E com os olhos fixados no céu, nas estrelas, e quantas estrelas!
eu quis ir longe, eu quis alcança-las.
E tive um retrocesso. Em um momento nostálgico, recordei da minha criança;
A criança que eu fui, e que ainda habita conscientemente dentro de mim.
Como um dia eu fui feliz exatamente em um parque como esse cheio de cores, de vida.
Penso que queria poder controlar o que chamamos de tempo, mas o tempo é demais pra mim.

sábado, junho 19, 2010

Correnteza

Ela se jogou na correnteza por inteiro.
Ela tem medo. Não é a esmo.
Não se sabe pra que lado ela irá levá-la.
Seja qual deles, seja onde essa correnteza desaguar 
é dificil sobreviver sem ter tido um ferimento, por menor que seja o arranhão. 
Ainda sabendo disso ela se jogou.
Agora ela está dividida entre duas alternativas;
Desistir ou continuar a nadar.
Nadando contra a corrente,
ela sabe que uma hora ela vai se cansar.


Se cada um se fecha no seu mundinho e o acha necessário, isso individualiza muito a gente, e pode nos distanciar de quem a gente menos quer distância.

quarta-feira, junho 02, 2010

Pensamentos mórbidos

"Eu já te amo o suficiente para sofrer.
Que termine aqui antes que eu possa te amar ainda mais.
Antes que eu possa sofrer mais.
E eu tenho medo de mim mesma."

Ela sempre foi meia egoísta com o abstrato.
Tem uma forte tendência a querer o sentimento das pessoas que ama só pra si.
Intensa, exagerada em tudo que gosta. Detesta coisas mornas, coisas mais ou menos. Pra ela é tudo ou nada.
Não sabe até onde ultrapassa a razão ou a emoção.
A pior parte é esperar reciprocidade dos outros.
E quando isso não acontece...Rá! quando isso NÃO acontece...ela fica assim: Frustrada, confusa... E ela odeia, simplismente odeia essa sua fraqueza. E nem ao menos consegui fingir. Admitir isso pra si própria a torna evidente de sua inferioridade . Justo ela que tem a necessidade neurótica de ser sempre melhor do que si mesma no dia seguinte, se martiriza por sentir por coisas tão ridículas para quem detesta caretisses.

Esperar demais dos outros atrasa a gente.

Ninguem é perfeito. Dificilmente alguém está preparado com as expectativas não correspondidas, as desilusões. E são esses sentimentos que atrasam a gente, e não as pessoas que trasmitem esses sentimentos mesmo que por fora sejam elas que estejam nos ferindo.
E no final, isso só nos torna mais fortes... ou mais loucos.
Por isso não somos livres totalmente.
Somos aprisionados pelos nossos defeitos, pela nossas fraquezas.


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